quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Donald Trump, um homem polémico e desafiador

Embora não tendo experiência de governação, Donald Trump ocupou, em janeiro, o maior cargo político da América, tornando-se no 45.º presidente dos Estados Unidos. Por não ser um político na plena aceção da palavra, a sua campanha resvalou, por vezes, para o grotesco e para a conversa brejeira de muito mau gosto. Descredibilizando ainda mais uma candidatura que se arrastava de modo atribulado, surgiram as primeiras desistências por parte dos republicados, alegando que Donald Trump não estava preparado nem tinha capacidade para governar a América.

Polémico e desafiador, Trump não poupou às críticas sistemáticas os seus opositores. Estrategicamente, depois de acusá-los de corruptos e encherem os bolsos de dinheiro, enquanto o povo passava fome e vivia na incerteza do amanhã, dirige-se aos cidadãos com convicção, anunciando-lhes a boa nova da mudança. Mas o que mudará com Trump na presidência dos Estados Unidos? Não sabemos, dado que este parece revelar uma personalidade imprevisível. No entanto, tendo em conta o que disse durante a sua campanha, vai mudar tudo. A ordem mundial não lhe interessa, pois foi estabelecida pelos vencedores da Segunda Guerra Mundial; a NATO também não, uma vez que, na sua opinião, está obsoleta e gasta muito dinheiro, não resolvendo o problema do terrorismo. Como se isso não bastasse, Trump denuncia, ainda, de modo unilateral, os contratos de comércio livre, entendendo que são prejudiciais à economia dos Estados Unidos; promete, também, fechar as fronteiras. Isto não é novidade nenhuma porque já deu ordens para que se construísse um muro na fronteira entre os Estados Unidos e o México. A 27 de janeiro de 2017, assina uma ordem executiva relativa a imigrantes e refugiados, impedindo-os de entrar na América caso sejam oriundos de países de maioria muçulmana. Recentemente, critica o juiz federal que assina a ordem de bloqueio da sua decisão, pondo em causa a legitimidade do magistrado, e indispõe-se, ainda, com o primeiro-ministro australiano devido à questão dos refugiados. As dúvidas começam a dissipar-se!... O problema de Donald Trump não parece ser o da segurança e do terrorismo, mas sim o dos seus interesses económicos e financeiros. O tempo vai passando, e a falta de experiência e a incapacidade de Trump para governar a América começa a ser notória. A falta de credibilidade e a ignorância no conhecimento dos acordos, dos tratados, das leis e dos dossiers começa a sentir-se em todo o mundo. Mas quem tem de fazer alguma coisa – e vai fazer – é a sociedade americana. A personalidade política mais bem preparada e com experiência para governar a América é Hillary Clinton. O que aconteceu a esta candidata à Casa Branca para ter sido preterida a favor de Donald Trump?

A diferença entre os candidatos está no modo como orientaram a sua campanha e, consequentemente, como transmitiram a sua mensagem.

A candidata pelos democratas primou por ser um deserto de ideias, sem saber expor os seus projetos para a América. Também não houve uma resposta pronta e adequada da sua parte para desmontar o populismo e a demagogia de Donald Trump. Por sua vez, o candidato pelos republicanos, ainda que tenha conduzido a sua campanha com base em slogans e frases desarticuladas de um contexto coerente, soube bem para que eleitores deveria falar. Donald Trump dirigiu-se, fundamentalmente, a uma América profunda, a uma classe média baixa, abandonada, sem quaisquer apoios e entregue a si própria. Trump foi o único que, com alguma lucidez, se apercebeu que havia muitos eleitores zangados com a democracia do seu país. São eles os muitos milhares de operários que trabalharam em fábricas anos a fio e, neste momento, estão desempregados; são eles os muitos milhares de agricultores, com trabalhos precários, vitimizados pela globalização. Estes milhões de eleitores ouvem atentamente Donald Trump e identificam-se com ele. As suas tendências sexistas e o facto de ser considerado por muitos o “inimigo da democracia” são mensagens que não passam, porque estes cidadãos são aqueles que recebem a visita das elites políticas somente em tempo de eleições. Estes cidadãos, com os seus sentimentos de raiva e mal-estar, estão cansados de ser constantemente ignorados pela imprensa. Por serem presa fácil da demagogia e do populismo de Trump, compreendemos o sentido dos votos que o elegeram. É nossa obrigação alertá-los de que o mundo em que vivemos é melhor do que aquele que nos prometem os populistas e demagogos, porque, mesmo sendo imperfeito, nos fala, de um modo geral, da liberdade, da democracia e dos direitos humanos.

É tempo de ação e de mudança, mas não aquela que Donald Trump nos quer impor. Uma mudança com sabedoria e bom senso, que dê aos cidadãos a perceção de que o futuro está nas suas mãos e de que o governo do seu país pode ser controlado por aqueles que amam a liberdade, a democracia e defendem uma justiça igual para todos.
João Couraceiro, 12ºano

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

O que fazem os alunos em OA

Trabalhos realizados em Oficina de Artes, pelos alunos de 7ºano, na disciplina de Oficina de Artes, orientados pelo professor João Pereira
Biblioteca Escolar

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

18ª edição do Festival Literário Correntes D´Escritas 2017 Póvoa de Varzim


83 escritores de 13 nacionalidades vão passar pela Póvoa de Varzim, entre os dias 21 e 25 de fevereiro, para participarem na maioridade do Correntes d’Escritas. A 18.ª edição deste festival literário vai ter debates, lançamentos de livros, sessões de poesia, passeios literários e a presença de escritores como Hélia Correia, Valter Hugo Mãe, Marina Perezagua, João Tordo, David Machado, Clara Ferreira Alves, Ignacio del Valle, Karla Suárez, Juan Gabriel Vásquez e Alberto Barrera Tyszka.

Talvez o mundo assim o exija neste momento: muitos dos livros que vão ser apresentados no Correntes d’Escritas baseiam-se em factos histórico-políticos. Da espanhola Marina Perezagua, por exemplo, chegou-nos em outubro Yoro (Esinore), que parte do momento em que a primeira bomba atómica foi usada como arma contra outro país, em 1945, e continua pelo caos do pós-Segunda Guerra Mundial. A autora vai apresentar a obra na quarta-feira, às 19h30, no Cine-Teatro Garrett.

O venezuelano Alberto Barrera Tyszka, que já escreveu uma biografia sobre Hugo Chávez, vai apresentar, na Póvoa de Varzim, Pátria ou Morte (Porto Editora), um retrato do momento conturbado que se viveu na Venezuela quando o presidente morreu de doença, em 2013. A incerteza continua, as dificuldades também. Parte desse caos pode ser melhor compreendido neste romance, que será apresentado na quarta-feira, às 17h, no Cine-Teatro Garrett.
Biblioteca Escolar

3ª Conferência PAC


domingo, 19 de fevereiro de 2017

INCOMPLETUDE


Sou incompleto, sou um constituinte que jamais valerá por si só. Independente para o mundo à minha volta, preciso dele para que assim me possa sentir, dependente. Consumista de tudo um pouco, sou a mistura insolúvel na qual procuro dissolver-me. Problemático de natureza, tento encontrar uma explicação aceitável para preferir o selvagem, sem ter escolha possível. Sou o meio vazio que procura sempre a parte cheia e, se ela existe, então a contínua procura pelo vazio continua. Sou cheio de incógnitas e de tudo o que lhe pertença e, ainda assim, sou um tudo vazio. Quanto mais sei menos sei de todo. E este massacre mantém-me num vazio primitivo para o qual não consigo arranjar um lar. Sou o nómada do que sei e permaneço onde não sei, sem querer. Se não sou racional então não sou nada e se sou racional então sou tudo: tudo dúvidas e, por isso, tudo vazio pois dele não sei nada senão isto. Simplifico o complexo e esvazio-me por complicar a simplicidade. Não encontro meios termos e, consequentemente, mantenho-me na corda bamba entre o meio cheio e o meio vazio. Por mais que esteja cheio de aqui estar, jamais será suficiente para me esvaziar de mim, aqui. E sou a linha que separa o cheio do vazio, sem conseguir incluir-me num deles, e tento fazer-me pertencer; sem sucesso.
Henrique Strigidae

sábado, 18 de fevereiro de 2017

“VIVA SINGAPURA”


Não me considero professor, não no sentido atual. O pouco que tenho para ensinar resume-se a método, trabalho de destrezas e alargamento de repertórios, no resto filio-me em toda uma linha de pedagogos, hoje, em tempos de competição desenfreada mais do que de crescimento e maturação, apenas esquecidos ou desconsiderados, tidos por desinteressantes relíquias de um passado bem recente.

Assumo. Pouco tenho a ver com o ensino atual. Não acredito nele. Mas, sim, existo numa escola e gostava de acreditar que as mudanças se fazem por dentro. Não fazem. É triste, será injusto para muitos de nós, mas não fazem. E tão cedo, tranquilamente ponderado o modelo atual e o que a sociedade pretende hoje de um aluno, também não se farão por via ministerial, não de todo.

Haverá alterações nos curricula, é assim desde sempre. As melhores e as piores. Cada governo faz questão de ‘um toque especial’, muito seu. Mas uma ideia para o ensino do século XXI, de reorganização da realidade escolar, dos curricula, continua a faltar. Hoje, simplesmente, não há perspetiva de futuro. Educar para quê?, o que se pretende?, como trabalhar os nossos alunos/filhos para que sejam melhores pessoas, pessoas cultas, interessadas e responsáveis? A resposta tem sido: especialização, normalização e competição – com a consequente duplicação da carga horária das disciplinas consideradas relevantes, supostamente competitivas no mercado e, naturalmente, a menorização das restantes, até à sua quase inoperalização, um erro tremendo (!). Depois, é uma questão de geografia. Ora modelos do Chile, ora da Finlândia.

A organização escolar é a instituída no século XIX, os currículos estão anquilosados, desmesurados, invertendo em absoluto a ideia de um ensino que se diz básico, ou seja, anterior a uma especialização que se lhe seguiria paulatinamente no secundário e, depois, já a nível universitário, os exames verificam a normalização do pensamento, os PISA a sua adequação ao mercado. É triste, é trágico, mas é a realidade.

Cada vez mais, fertiliza-se (institucionalmente) a ideia de que há disciplinas fundamentais e, sim, perdoe-se-me, que há um ‘resto’, o sobrante, algo que os miúdos têm que ter, mas que não têm qualquer importância. Algo rapidamente assimilado pela vox populi. O contrário absoluto da educação que, na Grécia (e, novamente, no Renascimento!), deu origem e fez a grandiosidade da civilização ocidental. Um fundamentalismo tecnocrático e do ‘empreendedorismo’, patrocinado pelos mídia e, rapidamente digerido pelos consumidores que todos nos tornámos – sim estou a falar também dos professores, mas já antes das famílias, do condicionamento precoce dos miúdos –, e que visa apenas, à imagem do ‘Admirável mundo Novo’, de 1932, de Aldous Huxley, criar uma nova sociedade de classes, fundada, desta vez, na especialização, quando a formação de um ser humano é um todo e, perdoe-se-me novamente, o principal esforço da pedagogia, da educação, na sua aceção maior, deveria ser a formação do indivíduo como um ser completo, herdeiro de toda uma cultura ocidental e aberto às culturas do mundo, e não o Fachidiot, ou ‘idiota especializado’, como o sociólogo Max Weber (1864 -1920), nos anos 10 do século XX, antevendo o que hoje está a acontecer de facto, já o designava.

Hoje, a pedagogia, espezinhada, tornou-se um resto que ainda infeta uma parte cada vez menor da docência, algo, claramente, a extirpar. Não há lugar a perdas de tempo. Não há lugar ao encanto.

Primeiro: turmas com vinte e oito e trinta alunos. Segundo: excesso de trabalho. Um professor hoje em dia não tem mãos a medir! Ele é mais plataformas, mais percentagens, mais Componentes não Letivas, mais grelhas, mais burocracia, mais. Sobretudo, mais. Muito mais do que educar.

Terceiro: programas desmedidos, de modo que se passa para o item seguinte antes de o primeiro estar bem assimilado. Outro crime de lesa interesse. Talvez, seja altura de secundarizar a monstruosidade que são os programas e olharmos para quem realmente temos à nossa frente, em como os podemos levar a cumprir os objetivos de uma educação básica, vista como um todo.

Não. Ser professor não é fácil. Não temos que ser missionários, não há como ser perfeito. Mas temos que ser mediadores entre os filhos de uma sociedade ocidental complexa, miúdos, e ainda bem, todos diferentes uns dos outros. Todos miúdos irrequietos, mas apenas tão irrequietos quanto curiosos, assim as aulas não sejam uma seca. Não, não podemos pretender que damos aulas em Singapura, onde os gajos estão todos calados em turmas de 60 alunos. Essa não é a nossa tradição, e quem o tentar, quem não consegue perceber o que é hoje ter 12 ou 14 anos, sabe que vai abdicar do sucesso de 40% da turma.

E no entanto … Todos somos Singapura.

É triste, mais, é em termos civilizacionais criminoso. Como escreveu William Shakespeare, em Hamlet, Ato I, Cena IV, “Há algo de podre no reino da Dinamarca”. Mas é o ar do tempo. 

Eu recuso-me a colaborar!
Professor de Artes
Carlos Marinho Rocha

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Exposição JC: Um Olhar sobre 2016 - 2017

“Um olhar sobre 2016-2017” – exposição na biblioteca

2017 é o ano em que nos dedicamos a celebrar o caminho feito, mas, sobretudo, a pensar em como poderemos responder às exigências do tempo em que vivemos. Tempo de grande aceleração, de crise de valores e de alterações profundas no modo de pensar e decifrar a realidade. Como garantir que seremos abertos, flexíveis e adaptáveis a um futuro incerto? 

“Um olhar sobre 2016-2017” reúne uma série de artigos do jornal Público e da revista Visão destinados a refletir sobre os acontecimentos, frases e figuras que marcaram o ano de 2016. Percorrendo uma seleção única de quadros e esquemas-síntese visualmente apelativos, a exposição pretende incentivar a comunidade escolar a questionar-se sobre o seu papel no mundo. Afinal, numa sociedade cada vez mais mergulhada na insegurança e no desconhecido, é fundamental um olhar crítico para que se possa perspetivar o futuro. 
João Couraceiro